Ninguém se aventurava a passar para lá da vegetação densa que crescia na margem do rio, ocultando a porta da caverna; ninguém se atreveu sequer a traçar uma imagem definida da cena sobre a qual Joseph Curwen se tinha despedido dos horrores por ele próprio congeminados.

Por volta de 1870, só as pedras e tijolos estavam ainda de pé e, cerca de 1880, até as paredes desabaram.

A quinta de Pawtuxet, deixada completamente ao abandono por tudo quanto era ser vivo, foi-se esboroando e caíu em ruína com inexplicável rapidez.

Mrs. Tillinghast (nome por que a viúva se tornou conhecida depois de 1772) vendeu a casa de Olney Court e foi residir com o pai na Power's Lane até que morreu, em 1817.

Só poderá estabelecer-se comparação com a perseguição movida contra o nome de Oscar Wilde durante a década que se seguiu à sua condenação e, por extensão, ao destino do pecaminoso Rei de Runagur, no conto de Lord Dunsay, condenado pelos deuses não já a deixar de existir mas a nem sequer ter jamais existido.

A partir daí, a suspensão da memória de Curwen tornou-se obrigatória e, com o consentimento geral, atingiu os arquivos da cidade e os da Gazette.

Ele conhecia bem o capitão Whipple e terá arrancado deste velho marinheiro mais informações do que alguém mais terá conseguido, no respeitante à morte do malfadado feiticeiro.

No princípio evitaram ir muito longe e permitiram que a viúva, o pai e a filha desta continuassem a ignorar a verdade; mas o capitão Tillinghast era astuto; chegaram-lhe aos ouvidos rumores suficientes para ficar horrorizado e acabou por exigir que a filha e a neta mudassem de nome, que a biblioteca e outros papéis fossem incendiados, que se riscasse a inscrição da pedra colocada sobre a sepultura de Joseph Curwen.

O deliberado desaparecimento de todas as referências ao morto, na vida e nos anais de Providence, teve todo o apoio dos que encabeçaram a conspiração.

À luz desta passagem e reflectindo nos inomináveis aliados que um homem acossado podia ter tentado invocar numa hora de aflição, Charles Ward tinha razões para perguntar a si próprio se de facto algum cidadão de Providence tinha matado Joseph Curwen.