Pareciam ser em várias línguas, todas elas conhecidas por Curwen que, em tom desabrido, respondia com censuras e ameaças.

Depois dessa data, porém, assumiram uma forma singular e terrível: suspiros de submissão, explosões de fúria frenética, gemidos de súplica, soluços de angústia e gritos de protesto.

Antes de 1776, as vozes resumiam-se aos murmúrios e gemidos abafados dos negros, à mistura com invocações e cânticos curiosíssimos.

Mas, a julgar pelas vozes que se ouviam no interior, tinha comunicação com todas as passagens subterrâneas.

Esta construção ficava isolada das restantes.

O laboratório ficava num reduto situado na parte norte, onde o telhado se inclinava tanto que a bem dizer tocava no solo.

A casa era uma antiga relíquia de meados do século XVII com chaminés altíssimas e janelas gradeadas.

Não restavam dúvidas de que Weeden e Smith se convenceram rapidamente de que, debaixo da quinta, existia toda uma rede de túneis e catacumbas, onde, além do índio e da mulher, vivia um grande número de criados.

Acerca de todas estas pesquisas, o que se conhece é o que Eleazar Smith registou num diário cheio de incoerências, que alguns diários e cartas de outras pessoas timidamente repetem, a partir de juízos que iam formulando; de acordo com esses testemunhos, a quinta não passava do invólucro exterior de toda uma vasta e hedionda ameaça cujo alcance e profundidade só confusamente podiam ser avaliados.

Fosse como fosse, o pouco que puderam testemunhar era suficientemente terrível e Charles Ward confessou muitas vezes aos pais o quanto lamentava o facto de Weeden ter acabado por queimar os seus cadernos de apontamentos.

O objectivo era descobrirem algum facto concreto que lhes permitisse passarem à acção.

Mas não o faziam pela boa razão de saberem que tais rumores teriam como resultado pôr os outros de sobreaviso, travando sobremaneira o andamento das investigações.

Um e outro estavam em condições de poder espalhar uma série de rumores extraordinários.

Sendo, por dever de ofício, obrigado a interromper esta vigilância, confiava esse serviço a um colega de taberna chamado Eleazar Smith que, durante as suas ausências, prosseguia no trabalho de vigilância.

Weeden não deixava de espiar assídua e aturadamente a quinta durante a noite e era raro deixar passar uma semana sem lhe dar uma vista de olhos; a não ser quando nevava e receava deixa rasto na neve, mas, nessas alturas, ia dar uma volta ao longo da estrada ou do rio gelado,para examinar as pegadas que os outros podiam ter deixado.

A carga consistia quase excusivamente em caixas e malas, a maior parte das quais oblongas e pesadas, dando a ideia de verdadeiros caixões.

Os homens de Curwen transportavam de seguida esse carregamento para o local habitual da costa, donde era levado para a quinta, sendo também encerrado no misterioso edifício de pedra onde já se encontravam os negros.