Falava-se muito das estranhas substâncias trazidas pelos barcos de Londres e das Índias ou adquiridas em Newport, Boston e Nova Iorque.

Para a maior parte, eram as suas constantes manipulações de produtos químicos que estavam na origem de tudo.

A tendência geral era para crer que tanta juventude e longevidade se deviam a outras causas.

Não era muito claro para as gentes da terra como se conciliava a tal simplicidade com as idas e vindas do misteroso mercador e com as luzes que brilhavam durante toda a noite nas janelas de sua casa.

Curwen limitava-se a explicar que descendia de antepassados particularmente robustos e que a vida simples que levava lhe permitia não esbanjar energias.

As décadas iam passando e esta qualidade singular não deixou de chamar a atenção geral.

Dedicou-se à indústria naval, comprou embarcadouros perto da enseada de Mile-End e contribuiu para a construção da Ponte Maior em 1713 e da igreja congregacionista no alto do monte; mas conservou sempre o mesmo aspecto de homem entre os trinta e os trinta e cinco anos de idade.

O primeiro facto estranho foi Joseph Curwen ter parado de envelhecer a partir do dia em que ali chegou.

Mandou construir uma casa no alto de Stampers Hill, a oeste da Town Street, na zona que mais tarde viria a chamar-se Olney Court; em 1761, construiu no mesmo local outra habitação maior que ainda hoje subsiste.

Era um homem pálido, com cerca de trinta anos e logo que pôde obter a condição de cidadão de Providence, comprou um terreno na parte norte, mesmo ao fundo da Olney Street.

Fugido de Salem, refugiou-se em Providence (universal porto de abrigo de todas as criaturas singulares, livres e marginais) logo no início da grande perseguição à feitiçaria, com receio de ser acusado de práticas mágicas, devido à solidão em que vivia e às experiências químicas ou alquímicas a que se dedicava.

De acordo com as lendas extraídas por Ward de tudo quanto viu e ouviu, Joseph Curwen era um homem espantoso, enigmático, tenebroso.

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ANTECEDENTES E HORRORES